segunda-feira, 6 de abril de 2015

amanhecer em Margaride...

amanhecer em Margaride...

abro as janelas ao amanhecer cinzento de Margaride.

tombam do sino
que daqui, altaneiro,
eu vejo
as sete primeiras badaladas
de mais um dia.

sorvo a frescura num ar sem peso.
que resvala meigo,
lá das alturas
da Santa Quitéria.

olho de esguelha ao sul
e alcanço o casario vasto,
disseminado pelas encostas perdidas
lá de Barrosas.

o resto ao pé,
é um amontoado de casas,
umas antigas,
encasteladas de granito eterno.

outras, de prédios desalmados,
de linhas modernas
e desbotados,
onde só impera a funcionalidade.

já se ouve um murmúrio,
rasteiro à estrada
de que se dirige para a sua luta.

caem agora soltas,
as nove badaladas,
convidando as almas crentes
à oração....
são "As Trindades"
....ó maravilhosa
chuva de bênçãos do Criador
para estas gentes!
já nem se dão conta...

que bem eu dormi,
aconchegado,
sob uma manta pesada,
como era a de minha casa.
me abraçando o corpo
a um bom colchão.

estou preparado para a minha romagem...
pelo seio benquisto das minhas gentes
que aqui ficaram,
nesta terra bendita
que me deu meu barro
e emprestou a alma...

Que Deus a abençoe!...

Margaride, 7 de Abril de 2015
7h28m
Joaquim Luís Mendes Gomes


Sem comentários:

Enviar um comentário