amanhecer em Margaride...
abro as janelas ao amanhecer cinzento de Margaride.
tombam do sino
que daqui, altaneiro,
eu vejo
as sete primeiras badaladas
de mais um dia.
sorvo a frescura num ar sem peso.
que resvala meigo,
lá das alturas
da Santa Quitéria.
olho de esguelha ao sul
e alcanço o casario vasto,
disseminado pelas encostas perdidas
lá de Barrosas.
o resto ao pé,
é um amontoado de casas,
umas antigas,
encasteladas de granito eterno.
outras, de prédios desalmados,
de linhas modernas
e desbotados,
onde só impera a funcionalidade.
já se ouve um murmúrio,
rasteiro à estrada
de que se dirige para a sua luta.
caem agora soltas,
as nove badaladas,
convidando as almas crentes
à oração....
são "As Trindades"
....ó maravilhosa
chuva de bênçãos do Criador
para estas gentes!
já nem se dão conta...
que bem eu dormi,
aconchegado,
sob uma manta pesada,
como era a de minha casa.
me abraçando o corpo
a um bom colchão.
estou preparado para a minha romagem...
pelo seio benquisto das minhas gentes
que aqui ficaram,
nesta terra bendita
que me deu meu barro
e emprestou a alma...
Que Deus a abençoe!...
Margaride, 7 de Abril de 2015
7h28m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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