segunda-feira, 6 de abril de 2015

badaladas deMargaride...

badaladas de Margaride...

ouvi as oito badaladas grossas
das horas de Margaride.

numa pensão célebre,
(hoje hotel...)
que conheço de fora,
desde meus tenros anos.

mesmo no centro.
está bem actualizada,
no seu conforto.

uma sensação nova eu sinto.
dormir na terra onde nasci,
fora da família.

vão-se apagando nossas reminiscências.
secando nossas raízes.

mas vibram em mim as recordações. tantas.
se fecho os olhos
e percorro o passado.

esta vila, hoje cidade!...
onde se fabrica o pão de ló.
onde havia um lindo jardim central,
com uma pérgola à século dezanove...
tão romântica!...

as lojas finas
de ricos tecidos.
e os ourives...
e os engraxadores.

o largo da feira,
onde cabia o concelho todo.
o carrocel oito e o poço da morte.
tantas tendinhas com lindas cavacas.
muitas árvores que davam sombra.
m coreto de música todo rendilhado.

e a assembleia e o cinema
onde vi dez vezes
os dez mandamentos...
 e o são pedro, bem lá ao alto.
aquelas romagens
pela encosta acima,
nunca mais acabavam...
e as noitadas com fogo a subir às cores...
as corridas de vavalos.

os cortejos de oferendas
para o hospital...
as corridas de bicicleta...
enfim, um nunca mais acabar de lembranças
que me dão saudade...

Margaride, 6 de Abril de 2015
20h17m
na emblemática Pensão Albano...( hoje Hotel)

Joaquim Luís Mendes Gomes

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