sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O bombeiro que morreu

Àquele bombeiro que morreu…
Era um meu irmão,
Não lhe sabia o nome…
Este homem 
Que o fogo devorou.
Enquanto eu dormia,
Deixou sua casa,
Sua família…
Subiu ao monte,
Em chama ardente,
Devorava tudo…
Quanto lá havia,
Serra abaixo,
Campos fora,
Até às portas ternas,
Onde o fogo é chama,
É só lareira acesa,
É mesa posta e
Muita alegria,
No altar perene
Das famílias todas
Da nossa aldeia…
Não foi a guerra,
Não foi a metralha
Dum inimigo bárbaro
Que vem lá de longe,
Para nos tirar a terra…
Foi só a palha seca,
Da primavera em flor
Que tudo vestia,
À chuva e sol,
Noivado em festa,
Floresta em paz,
Hino de verde,
Seara d’oiro,
Do céu à terra,
Desde a cabeça aos pés
A montanha a arder...
Que aquele irmão da gente
Se lhe pôs à frente,
E tentou matar,
Pegando em tudo,
À mão,
Até a vida dele,
Para me defender,
Que quero chorar,
Até um dia morrer...
Mafra, 13 de Agosto de 2016
4h22m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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