De andarilho...
- Perna boa à frente.
A má atrás.
E o contrário, para trás!
Me ensinou veementemente,
a jovem terapeuta negra,
esta manhã.
Assim começou a minha primeira aula de andarilho.
Nunca pensei precisar, um dia, de um andarilho.
Sem pressas...
Numa corda bamba,
O abismo ao fundo,
À velocidade de 5 metros por minuto.
Recomecei nova etapa da minha vida.
Dá para tudo a lentidão.
Até para pensar que ninguém vale nada,
dum momento para o outro.
Carlos Lopes ou Rosa Mota...
Se uma artrose nos tolher os passos
e nos martirizar a vida.
É preciso extirpar os ossos reles
e recorrer a uns de massa ou ferro,
à força de muita martelada,
para tudo ficar no sítio.
O que vale é que o corpo
não faz cerimónias
e aceita tudo.
O que lhe dão,
a bem ou a mal,
para bem do dono.
Depois, devota-se a um trabalho oculto
de assimilação.
Vai grudá-los,
como se fossem de osso
e, ao cabo duns meses,
é tudo já uma família que se dá bem.
E vai fora o andarilho!
Pelo menos, assim o creio e espero...
Parque das Nações, Clínica da Cuf,
6 de Agosto de 2016
enquanto ali à frente, os teleféricos se divertem num vai e vém constante, mirando o Tejo
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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