segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A Vida em festa…


Que alegria vai
Naquelas paredes das casas,
Ao sol a nascer,
Como riem janelas e portas,
Mesmo fechadas.
Apenas os telhados deitados
Parecem calados,
Sem quererem acordar.

Muito sereno, acende o céu,
Debaixo das cinzas da noite,
Lareira apagada que foi.
As copas das árvores
Assistem especadas
À sinfonia de cores
Que está a tocar,
Sem maestro ou artistas,
À vista dos olhos.
Apenas nas estradas,
Correm nervosos,
Os carros de vidros fechados,
Que vão trabalhar.
Pelos jardins, desertos,
Dormem corpos deitados,
Das farras da noite,
E pelos passeios,
Passam velhotes com trelas na mão,
Não têm quintal.
O carro do lixo,
Cheio de fome,
Todo lampeiro,
Devora caixotes,
Como se fossem sorvetes.
Luzem cafés luminosos,
Com gente lá dentro,
“Matando o bicho”,
Parecem archotes a arder.
Da torre da igreja,
Onde mora o tempo,
Caem silentes,
As badaladas das horas.
Crianças ridentes, aos grupos,
De sacolas às costas,
Atravessam o jardim
E vão para a escola.
Bandos de pombas famintas,
Andam às voltas, nos ares,
Sem saber para onde ir.
É a festa da vida
Que está a começar!…
Ovar, 29 de Agosto de 2012
7h50m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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