quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Estrondo

Esta madrugada alta, ouvi um estrondo.
Fui à janela.
Abri-a de par em par.
Ao longe, à minha frente,
Como em tela estrelada e negra,
Passava um distico, em letras grandes.
Se podia ler:.
Com vosso pensamento,
que ninguém vê,
escrevam aqui
tudo quanto mais desejam.
Mas não riqueza
nem ostentação.
se acabem na Terra
nem a fome nem a guerra.
que sejam iguais os continentes
do norte e sul.
se ponha fim
ao degelo dos pólos.
e que os rios deixem de correr para o mar.
se acabem no mundo
os terramotos.
se apaziguem, de vez, as monções mortais.
e todas as intempéries,
por mais violentas.
e se exterminem para sempre as ditaduras,
com milhões de escravos,
por mais inocentes.
Tudo isso não é da vossa conta.
Só a mim, me diz respeito.
O que espero de vós
é só que aceiteis fiéis
este meu reino...
e a felicidade vem,
como a chuva cai,
ninguém sabe donde é que vem...
Mafra, 18 de Agosto de 2014
19h8m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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