O latoeiro…
A oficina ficava numa casa voltada
para a estrada.
Três degraus de granito davam para a
porta, sempre aberta.
Um balcão alto de madeira surrada.
Por detrás, altivo e senhor,
Reinava um mestre.
Rosto comprido e olhos profundos.
Voz de barítono, agradável de ouvir.
Nada na estrada lhe passava sem ver.
O que ele sabia fazer com a folha de Flandres,
uma tesoura mordaz e um maçarico com solda!…
Cântaros para a água,
Almudes para o vinho.
Canecos de nora.
Almotolias de azeite.
Candeias.
Alguidares para lavar.
Tachos, panelas para a sopa e cozido.
E, pelo meio, uma anedota brejeira,
Donde lhe vinham,
Sempre a mudar…
O latoeiro da aldeia.
Era o pai de meus amigos da escola.
Berlim, 18 de Novembro de 2017
8h51m
Jlmg
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