quarta-feira, 15 de julho de 2015

sobre as areias movediças...

Sobre as areias movediças…

Tomei minha passarola
Como se fosse uma caravela
Ao vento,
Pus-me a navegar
Sobre este deserto infindo
De areias amarelas,
Quentes,
Movediças.

Um mar encapelado de dunas bravas,
Onde assomam espinhos e cardos secos.
A vida verde não vegeta.
Nem sequer há palha seca.

Para os lacraus e escorpiões.
Que rastejam ao sol,
Feitos formigas.

Saboreando cardos
E os ossos ressequidos
Dos camelos por ali mortos.
Que ficaram das caravanas.
Como se fossem figos.
Secos. Estaladiços.

Não há nuvens de pó.
O vento o lavrou e sacudiu,
Só a espuma grossa das areias movediças,
Borbotam na superfície,
Como lava acesa dum vulcão.

Se inferno nesta terra existisse,
Ali seria.
Em combustão.

O que me vale é pairar no ar
Como se fosse uma caravela,
Vagabunda,
Presa ao céu e ao brilho intenso das estrelas,
Nas noites de luar…

Ouvindo Mendelssohn

Mafra, 16 de Julho de 2015
5h59m

Amanhecendo com humidade no céu de cinza

Joaquim luís Mendes Gomes


Sem comentários:

Enviar um comentário