Sobre as areias movediças…
Tomei minha passarola
Como se fosse uma caravela
Ao vento,
Pus-me a navegar
Sobre este deserto infindo
De areias amarelas,
Quentes,
Movediças.
Um mar encapelado de dunas bravas,
Onde assomam espinhos e cardos secos.
A vida verde não vegeta.
Nem sequer há palha seca.
Para os lacraus e escorpiões.
Que rastejam ao sol,
Feitos formigas.
Saboreando cardos
E os ossos ressequidos
Dos camelos por ali mortos.
Que ficaram das caravanas.
Como se fossem figos.
Secos. Estaladiços.
Não há nuvens de pó.
O vento o lavrou e sacudiu,
Só a espuma grossa das areias
movediças,
Borbotam na superfície,
Como lava acesa dum vulcão.
Se inferno nesta terra existisse,
Ali seria.
Em combustão.
O que me vale é pairar no ar
Como se fosse uma caravela,
Vagabunda,
Presa ao céu e ao brilho intenso das
estrelas,
Nas noites de luar…
Ouvindo Mendelssohn
Mafra, 16 de Julho de 2015
5h59m
Amanhecendo com humidade no céu de
cinza
Joaquim luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário