domingo, 26 de julho de 2015

sacos de pano

Os sacos de pano

Eram de pano.
Feitos dos restos
Que o alfaiate talhava.

Ficavam as cores.
Muito bonitos.
Luziam ao sol.
Pareciam um jardim.

Quando iam a feira,
No dia da feira.

Traziam rosquilhos.
Pães de ovelhinha.
Queijinhos de cabra.

Ó que cheirinho!

Quando chegava a mãe.


Saquinho das compras
Feito dos panos
Que sobravam do giz.

Havia-os grandes.
De corda ou sisal.

Serviam para tudo.
Tudo levavam.

Só braços possantes
Os carregavam às costas.

E quando chovia ,
Viravam capuz.
Enfiados na nuca.
Pendentes atrás.

Melhor que um oleado.
Como se fosse um capote.

Depois o plástico.
Que revolução.
Do rei do petróleo.
Uma invasão.
Tudo venceu.

Do pano ao papel.
Usa uma vez
E joga-se fora.

Rimas de restos
Pela berma da estrada,
Entupindo valetas.
Sujando os rios.

A poluição a reinar.
Lixeira da morte.

Mafra, 26 de Julho de 2015
19h52m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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