Os sacos de pano
Eram de pano.
Feitos dos restos
Que o alfaiate talhava.
Ficavam as cores.
Muito bonitos.
Luziam ao sol.
Pareciam um jardim.
Quando iam a feira,
No dia da feira.
Traziam rosquilhos.
Pães de ovelhinha.
Queijinhos de cabra.
Ó que cheirinho!
Quando chegava a mãe.
Saquinho das compras
Feito dos panos
Que sobravam do giz.
Havia-os grandes.
De corda ou sisal.
Serviam para tudo.
Tudo levavam.
Só braços possantes
Os carregavam às costas.
E quando chovia ,
Viravam capuz.
Enfiados na nuca.
Pendentes atrás.
Melhor que um oleado.
Como se fosse um capote.
Depois o plástico.
Que revolução.
Do rei do petróleo.
Uma invasão.
Tudo venceu.
Do pano ao papel.
Usa uma vez
E joga-se fora.
Rimas de restos
Pela berma da estrada,
Entupindo valetas.
Sujando os rios.
A poluição a reinar.
Lixeira da morte.
Mafra, 26 de Julho de 2015
19h52m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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