Passam à minha porta…
Quase sei de cor os rostos De quem,
em cada dia,
Passa à minha porta.
Os madrugadores.
Caminham apressados.
Vão compondo a roupa.
Alinham seus cabelos.
Parecem fugir da noite.
Vão para o autocarro.
Querem chegar a horas.
Os das oito horas
Saem engravatados.
Têm o carro à porta.
Ali passou a noite.
Olham para o relógio.
Carregam no acelerador,
Saem despassarados
Nem olham para o lado,
Para fugirem à bicha.
E aquelas janotas,
De sapato alto,
A bater no chão,
Ajeitam o penteado,
Puxando o baton,
Para parecerem bonitas.
Vão tão convencidas
Toda a gente repara.
Só olham para o chão.
E os varredores da rua,
Sempre à mesma hora,
Seu carrinho de mão
E a vassoura ao alto,
Ainda vão comendo
O que sobrou do pão,
Lendo o pensamento,
Tantas folhas caíram,
Onde vão varrer…
E há tantos mais.
Já lhes perdi a conta.
Só me lembro deles,
Mal lhes ponho a vista…
Mafra, 27 de Julho de 2015
5h48m
Ainda é escura a noite
Joaquim Luís Mendes Gomes
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