segunda-feira, 6 de julho de 2015

afinação das cordas...

Afinação das cordas...

É básico. Fundamental. Trabalho prévio.
Afinar as cordas a toda orquestra,
inclusive o piano, esse de véspera.

Encontrar a melhor posição no assento.

Concentrar atentos os ouvidos
e olhos abertos.

Encher de ar o peito.
E de emoção a alma.

Enxergar os sons
e ouvir os tons,
a fluirem harmónicos.

Pegar-lhe o fogo do entusiasmo.
Clarões no ar.
Raios de sol.
Cascatas caindo.
fragrâncias abrindo.
Um vulcão de lava,
a escorrer sem fim.

Chovem acordes.
Ressoam tambores.
Fúria dos mares.
Estertores da morte.
Aves cantando.
Na voz dos violinos,
Suas cordas tensas
e endiabradas,
Despertando as madrugadas,
cavalgadas de tubas
arremessando golfadas,
ira dos deuses.

Retinem os pratos.
Fazem silêncios.
Toldam os ares.
Raios de luzes.

E o maestro,
ora sereno, ora fogoso,
rédeas nas mãos,
agitando os braços,
ao ritmo certinho,
atiçando o fogo,
inunda a sala
dum mar de sons.

Vibram as almas.
Êxtase supremo.
Mundo terreno,
Quase divino.
Parou o tempo.
Como será nos céus...

ouvindo Rachmaninov em concerto nº 2, por Eugeny Kissing

ora em brandura,
ora ira empolgante.

Roses, hotel Risech,
7 de Julho de 2015

aquele dia inesquecível em que eu vim ao mundo,
uns anos lá atrás...

Joaquim Luís Mendes Gomes

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