Rasgo em pedaços minhas vestes
E corro por esses barrancos a esmo e sem destino.
Atiro louco pedras para as fendas
E fico a vê-las se estatelarem sobre o vazio.
Oiço gemidos das nuvens aprisionadas,
morrendo de secura lá no cimo.
Grito e berro ao mar
Pare de vez essas investidas loucas contra as rochas,
A nada levam.
Pasmo de medo perante o abismo
Como um cavalo em fúria, desenfreado
E deixo escorrer na minha fronte
Um suor escaldante
Que brota de dentro como um vulcão.
Queimo as cinzas todas que restaram do incêndio
E tirito de frio, enregelado.
Suplico em vão aos deuses,
No olimpo,
Cessem, de vez
sua vingança…
Tenham tino.
Me ajoelho e abro os braços em oração
Àquele Jesus, de carne e osso que, há dois milénios,
morreu por todos, sózinho,
no alto do calvário…
Ouvindo a nona sinfonia de Beethoven
Amanhecendo com nevoeiro
Mafra, 22 de Julho de 2015
6h49m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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