terça-feira, 19 de maio de 2015

Praça deserta...

Praça deserta...

Cheguei cedo à praça.
Não havia viv'alma.
Nem um cantoneiro com farda ou um varredor.

Lentamente, um por um,
Por todos os lados,
Caminhos diversos,
Toucados e vestes diferentes,
Arribavam peregrinos,
uns de cajado,
açafates em cima,
diversas propostas.
Umas coloridas,
em tons variados,
outras desmaiadas,
quase sem cheiro
ou cor.

Crescia a alegria.
O brilho sorria.
A vida vibrava.
Em ondas harmónicas,
os ânimos giravam,
a superfície um lago,
verde e garrido,
espelhando harmonia,
em partilhas,
conversas expostas
ou escondidas,
no topo das esquinas,
trocando segredos.

Se enchem os sacos.
Iguarias e bolos.
Bebe se vinho.
na lapela ou orelha,
um raminho cheiroso,
perfume silvestre.

Há arrecadas doiradas,
nos bustos trigueiros.
Negros cabelos,
corridos, se espraiam nas costas e ombros
das moças de sonho.

Elegantes coletes,
cobrem camisas de linho,
coradas ao sol.
Calças vincadas,
presas às cintas,
com cintos de couro,
ocultam as pernas hercúleas
dos artistas do campo.

Um elegante chapéu ou boné
tapam cabeças
com rostos sadios,
queimados do sol.

No pescoço,
rodam os lenços vermelhos,
cruzados no peito
ou gravatas faiscantes
às cores.

Arfam os peitos
De energia vibrantes.
E, aos poucos,
vão regressando,
pelos mesmos caminhos,
leves lá dentro,
carregados de força,
mais uma semana
de intenso labor.
De novo, a praça deserta.

ouvindo Brahms com a exímia Hélène Grimault ao piano

o sol teima em romper...

Berlin, 20 de Maio de 2015
7h29m
Joaquim Luís Mendes










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