Mesmo à beira-morte
É mesmo lá, à beira-morte,
Que ela mora.
A voz lúcida da lucidez.
O céu está limpo e azul.
Não há vento.
Só se ouve a voz
A falar de dentro.
Não há nuvens.
Nem pontos de interrogação.
Só pontos finais.
As vírgulas todas,
De ensarilhadas,
Ficaram caídas,
Nas valetas,
Como folhas secas,
Todas mirradas.
O sol alto,
Muito distante,
Ofusca-nos os olhos,
Penetra-nos a alma,
Jorra de luz.
Não há passado.
Só o instante.
E o futuro está mesmo no fim.
Se olha para trás.
Com olhos de ver.
Como seria diferente tudo
Se voltássemos a nascer!…
Ouvindo o poema “Tabacaria” de Álvaro
de Campos por José Viegas
Berlin, 31 de Maio de 2015
18h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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