quando cheguei da guerra,
tinha amealhado uns trocos.
peisava de água à farta,
lá para casa.
contratei o sr. Barbosa.
um dia, de manhãzinha,
se apresentou ele.
uma picareta,
uma pá
e um sarilho.
tudo um carro de bois.
pegou num molho de varas.
pô-las em arco.
uma mão em cada ponta.
andejou, andejou
pelo quintal.
até que, por arte mágica,
elas arquearam!...
- é aqui.
e há muita água.
riscou no chão um círculo.
com umsimples cordel.
diâmetro: metro e meio.
pegou na pica.
cuspiu nas mãos.
pôs-se a picar.
e pá a pá,
e pica a pica,
se afundou no chão,
enchendo o balde,
com a terra picada.
e o petiz ajudante,
manivelando o sarilho,
a balde a balde,
ergueu uma montanha,
até que um grito forte
eclodiu do fundo,
a uns dez metros:
- nasceu a água!
muito abundante...
ó que alegria!...
Berlin, 17 de Maio de 2015
20h8m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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