domingo, 17 de maio de 2015

nasceu um poço...

nasceu um poço...

quando cheguei da guerra,
tinha amealhado uns trocos.

peisava de água à farta,
lá para casa.

contratei o sr. Barbosa.

um dia, de manhãzinha,
se apresentou ele.

uma picareta,
uma pá
e um sarilho.
tudo um carro de bois.

pegou num molho de  varas.
pô-las em arco.
uma mão em cada ponta.

andejou, andejou
pelo quintal.

até que, por arte mágica,
elas arquearam!...

- é aqui.
e há muita água.

riscou no chão um círculo.
com umsimples cordel.

diâmetro: metro e meio.

pegou na pica.
cuspiu nas mãos.
pôs-se a picar.

e pá a pá,
e pica a pica,
se afundou no chão,

enchendo o balde,
com a terra picada.

e o petiz ajudante,
manivelando o sarilho,
a balde a balde,
ergueu uma montanha,
até que um grito forte
eclodiu do fundo,
 a uns dez metros:

- nasceu a água!
muito abundante...

ó que alegria!...

Berlin, 17 de Maio de 2015
20h8m
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário