Me entrego à vida…
Já será escassa.
Mas a agarro a mim com as garras
todas
E vou.
O que passou…passou.
O que conta é este momento presente.
Que está sob a minha mão.
Amanhã não sei…
Nem que fosse um dia só.
Valia a pena ouvir um piano
A tocar bem.
Minha esperança é grande.
Tenho fé no meu futuro.
Nunca serei rei nem príncipe.
Eu sei….nem queria.
Só quero a alegria-mor
De ver o sol a pôr-se
E a nascer novo
Em cada manhã.
O tempo não existe.
Só o do vento e da chuva.
O que existe é o mar, na sua
magnitude e profundezas
E a serra verde exposta ao sol.
E as alturas dum céu azul.
Quero ser um bom vizinho
Que reza e dá bons dias
A quem passa.
Sorrio. Choro e oro.
Vibro com as vitórias da humanidade.
Deploro os desvarios malsãs
Que a assolam inutilmente…
Ouvindo Rachmaninov, concerto 2 e 3,
por Denis Matsuev
Ainda é escuro
Berlim, 2 de Dezembro de 2015
6h30m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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