segunda-feira, 23 de abril de 2018

Nó da gravata


O nó da gravata

É recente a era da gravata.
Antes, as vestes longas caíam largas,
Desde os ombros até ao chão.
Do corpo inteiro pouco se via.
Só o rosto e as mãos.

As mulheres ostentavam seus bustos.
No intento de seduzirem.
E os homens mantendo seu recato.
Foi pelos botins que tudo se modificou.

Pernas longas. Esbeltas.
Eram sinais.
E, ao vento, as fartas cabeleiras.
Engrenhadas. Lisas, só as das senhoras.

Vieram os fraques. Influência dos grilos negros.
Depois as camisas.
Muitos botões.
Antes, só as de forças.

E, para o pescoço, aquele espaço indefinido,
Se é da cabeça, se é do tronco,
Carecia de algo a demarcar.

Surgiu a gravata. Como fronteira.
Primeiro, solta.
Com o vento e os movimentos, corria o risco de se perder.
Surgiu o nó. A solução.

Berlim, 23 de Abril de 2018
23h7m
Jlmg

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