Escravidão das pedras
Sua sorte acabou.
Seu berço era uma nave com forma de
bola.
Gigante. Cravada no seio da terra.
Foi descoberta.
Descarnaram a bola.
O destino mudou.
À força de pólvora,
Partiram-na ao meio.
Como se fosse uma maçã.
Depois, cravejaram-nas com guilhos.
Em linha.
À força do malho, a metade partiu-se.
Retiram-lhe blocos e esteios.
Pela encosta do monte,
Escorregaram carradas infindas,
Puxadas por bois.
Os eixos chiavam.
De peso ingente.
Se sulcaram caminhos que as chuvas
apagaram.
E os pedreiros artistas, com marreta
e cinzel,
Talharam em peças,
Conforme o freguês.
Com elas, se ergueram as casas e
muros.
Igrejas e torres.
Outras são estátuas de santos
Que as gentes veneram, depois de
benzidas,
No alto dos montes…
Berlim, 2 de Abril de 2018
18h18m
Jlmg
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