segunda-feira, 2 de abril de 2018

Escravidão das pedras...


Escravidão das pedras

Sua sorte acabou.
Seu berço era uma nave com forma de bola.
Gigante. Cravada no seio da terra.

Foi descoberta.
Descarnaram a bola.
O destino mudou.

À força de pólvora,
Partiram-na ao meio.
Como se fosse uma maçã.

Depois, cravejaram-nas com guilhos.
Em linha.
À força do malho, a metade partiu-se.

Retiram-lhe blocos e esteios.
Pela encosta do monte,
Escorregaram carradas infindas,
Puxadas por bois.
Os eixos chiavam.
De peso ingente.

Se sulcaram caminhos que as chuvas apagaram.

E os pedreiros artistas, com marreta e cinzel,
Talharam em peças,
Conforme o freguês.

Com elas, se ergueram as casas e muros.
Igrejas e torres.
Outras são estátuas de santos
Que as gentes veneram, depois de benzidas,
No alto dos montes…

Berlim, 2 de Abril de 2018
18h18m
Jlmg

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