sexta-feira, 27 de maio de 2016

Transfiguração inefável dos maestros


Vi-os a emergir dos bastidores,
ainda jovens,
depois mais graves,
frente às orquestras,
nas grandes salas,
cheias, de olhares atentos,

Caminhando com garbo,
um fraque próprio,
em fazenda escura e fina,
corte impecável.
Uns de cabeleira farta,
ainda escura,
baloiçando aos passos,
outros mais comedidos,
de corte soberbo.
Chegarem ao centro.
Do palco elevado.
Uma chuva de palmas.
Para a chave-mestra.
Uma respeitosa vénia
a toda a orquestra mista.
Cheia de cordas
e reluzente instrumentaria,
um piano aberto,
de cauda preta.
Depois, à assembleia
e aos camarotes solenes,
ressumando a festa.
Resolutos, subindo ao tamborete,
Braços em arco,
uma varinha mágica,
olhos nos olhos,
abraçando os artistas.
E, a um clique,
uma nuvem de sons,
em acordes harmónicos,
se eleva e espalha,
enchendo a sala.
Baloiçam os corpos,
como seara ao vento,
surge um diálogo divino,
entre o mestre e a escola.
Retinem tambores,
marcando os passos.
Há toques finos,
e os mais graves,
encadeados
em doce harmonia.
Soam timbales.
Tocam os trombones,
Despertam as flautas.
Parecem zangados.
Ficam suspensos
quando o piano toca.
Mágico bailado,
ondas sonoras,
uma brisa suave,
uma melodia excelsa.
inebriando a sala,
deliciando as almas.
Ó que magia!...
Um mundo novo!...
Galvanizante.
De harmonia e paz...
Uma eternidade
Passou num instante.
ouvindo sinfonia de Mahler
Berlin, 28 de Maio de 2015
7h52m
o dia está fosco
Joaquim Luís Mendes Gomes

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