sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

quinto lote recuperado




Minha cafeteira de alumínio…

Faz tudo em segredo.
Encho-a de água.
Deito-lhe umas migalhinhas de café.
Ponho-a ao lume.

E ela ferve.

Um perfume desabrocha.
Me enche a casa.
Sobe a escada e vai à cave.

Quando a abro,
A alegria é tal,
Desata sorrindo,
Fica cantando,
Enquanto bebo o seu segredo.

Depois se recolhe.
Ao seu silêncio
E fica à espera,
Como uma grande amante.

Fico encantado
Com seu carinho.
Que rica prenda
Me dei a mim…
Por tão pouco dinheiro.

Mafra, 19 de Outubro de 2014
21h38m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
19 de Outubro de 2014 ·

Sonho possível …impossível…

Queria encher um estádio de futebol,
Com todos os amigos
Que por mim passaram,
Ao longo da minha vida.

Pôr-me ao centro.
Corrê-los todos,
Um por um,
Com um forte abraço.
Fazer-lhes ver que
Valeu a pena
Toda a amizade
Que cada um me deu.

Estou feliz na vida.
Graças à graça toda
Dos sorrisos e todo o bem
Que recebi…

Mesmo daqueles que eu nunca vi.
Nosso mundo é uma aldeia.
São tão curtos os seus caminhos.
Todo o mundo chora
Quando eu choro
E sorri alegre,
Quando sorrio…
Porque a amizade chega na hora
E não se vê…

Ouvindo Maria Betânia

Mafra, 19 de Outubro de 2014
8h57m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
19 de Outubro de 2014 ·

Palavras. Para quê mais palavras?...

Não são precisas mais palavras.
Muito menos ocas…secas…

Largar sons sem tino.
Alinhar letras e sons verbais.
Qualquer voz rouca as dá.
As canta ou chora.
Se a vida assim o mandar ou quiser.

A dor e o amor
São faces da mesma moeda.

Ora é uma.
Ora é outra.
Só uma, por cada vez,
Do chão se vê.

Mas na vida não…
Amor e dor podem conviver
Na mesma hora.
Meu corpo e a minha alma
São a casa viva
Onde elas moram,
Quando chega a hora
De amar ou de sofrer.

Não se seguem,
Ora uma ora outra,
Como a noite e como o dia,
Conforme o sol.
Não há porta nem janela
Que as impeça de entrar.
Têm a chave sempre à mão…
Não vale a pena.

Somos mesmo assim.
Nascemos para sofrer e pra amar…

Ouvindo “sonho impossível” por Maria Betânia

Mafra, 19 de Outubro de 2014
7h19m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
18 de Outubro de 2014 ·

Chegarei lá…

Ponho-me a caminho.
Terra prometida.
Foi um sonho.
Vem de criança.
Quase ao nascer.

Quero ver o mar.
Longe de mim.
Para lá das serras.
Tanto caminho.
Hei-de chegar.

Quero abraçá-lo.
Aquele azul eterno,
A perder de vista.
Tão profundo.

Seara de ondas.
Que o sol aquece
E o vento faz.

Pisar a praia.
Banhar meus pés.

Como grão de areia.
Sentir cá dentro,
Dentro de mim,
Como sou pequeno
E não estou sozinho.

Ouvindo Plácido Domingo

Mafra, 18 de Outubro de 2014
10h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
17 de Outubro de 2014 ·

De oliveiras…

Na encosta dum monte,
Enchi um horto,
Só de oliveiras.

Novinhas.
Vi-as crescer.
Fizeram-se adultas.

Hoje, tão agradecidas,
Cobrem-se de oiro.
Enchem-me as talhas de barro,
Com azeite do bom.

Uma riqueza de rei
Que dá e que sobra…

Mafra, 17 de Outubro de 2014
14h50m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
16 de Outubro de 2014 ·

Lençóis de linho…

Corados ao sol.
Manta de trapos
Tecidos à mão.
Cama lavada.
Durmo sozinho.

Sonho com anjos.
Perdidos do céu.
Um gato ronronando.
Dormindo aos pés.
Música de wagner.
Valha-me Deus.

Me entrego ao sono.
Na eternidade.
Chove lá fora.
Aqui é verão.

Mafra, 16 de outubro,
Tarde de sol

Enquanto não chove…

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
16 de Outubro de 2014 ·

Como quem espera a vida…

Nasci para viver
E não para morrer.

Agarrado à vida
Como o nauta à sua barca.
Viajando nela.
Correndo mundo.
Saboreando a luz.
E as cores com que se veste.
Sentir a alegria de despertar
Em cada dia e partir para ela.

Sentir-lhe as ondas.
O seu baloiçar frenético.
E a leveza duma tarde calma.
Buscar alimento, pastor de montes.
Pescador nocturno.

Saborear o mel
Que a colmeia dá.
Provar do fel,
Para dar valor ao bem
Quando o há.
Fazer por ele
O mais que puder.
Arregaçando as mangas.

Sentir a alegria de chegar a casa.
Com o pão na mesa.
A mulher sorrindo.
Os filhos brincando.
Adormecer em paz.
Até novo dia.

Ouvindo Chopin, Balada nº 1

Clareando o dia

Mafra, 16 de Outubro de 2014
7h13m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
15 de Outubro de 2014 ·

De bicicleta ao vento…

Vou de bicicleta ao vento,
Na estrada suave,
Que serpenteia a encosta.
Seara bailante.
Centeio e cevada.

Ao pé dum riacho,
De águas tão puras,
Se vê as areias.
Peixinhos correndo.
Sem freio nos dentes.

Desabotoei a camisa.
Meu peito arfando,
É barco rabelo.
Pelo douro subindo.

Meus cabelos ao vento
São a bandeira da paz.
Que vou agitando,
Rogando a bênção.
À Mãe-Natureza.
A deusa do pão…
Que há-de nascer.

Minha roda da frente,
Vai rolando aos esses.
Vai tonta de gáudio,
Brincando na estrada.

E o selim. Meu danado corcel.
Quanto mais lhe carrego,
Mais ele, tão suave e tão meigo,
Me impele a rolar…

Ouvindo Hélène Grimaud em Sonata de Beethoven

O dia está nascendo, parece melhor

Mafra, 15 de Outubro de 2014
6h10m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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14 de Outubro de 2014 ·

Uvas brancas…

Um cacho grande,
Perfeito
De uvas brancas.
Escapou à voragem dos vindimadores.

Não à minha.

Com todo cuidado,
Cortei-o em cima.
O levei para casa.
O guardei escondido.
E à noitinha,
Pus-me à janela.
Com luar de Agosto.
Soltei a gula.
Fui-o comendo,
Bago a bago,
Como um frade nocturno,
Na sua cela.

Senti-me enlevado.
Tanta doçura.
Sabiam a mel
E a cerejas de Maio.

Tanta riqueza posta
Naquela presa.
Me deixou cantando…

Mafra, 14 de Outubro de 2014
20h48m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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13 de Outubro de 2014 ·

Sinto em mim o mar…

Umas vezes revolto.
outras mansinho como um cordeiro.
Dou-lhe um grito.
Ele se acalma.
Aflito.
Me beija a pele.

Faz-me carinhos.
Com suas ondas.
Sua espuma
Me sossega a mente.

Me chama terno.
Mergulho nele.
E cavalo doido,
Me leva a correr.

Não uso esporas.
Só uma vergasta.
De o fazer vibrar.

Quando se assanha,
Solto-lhe as rédeas.
Vai pelo mundo
De fazer tremer…

Traz-me prendas.
Beijinhos doces.
Estrelas do mar.
Me enfeito com elas.
Fico a escrever…

Mafra, 13 de Outubro de 2014
13h 2m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
13 de Outubro de 2014 ·

Renovar…
A oliveira será das plantas mais duradoiras e permanentes,
À face da terra.
Muito serenas.
Pouco balançam suas ramadas discretas.
Uma cor cinzenta.
Para não dar nas vistas.
Até seus frutos,
Têm tamanho e tons,
Tão sóbrios
Mas refulgentes.
A elegância de formas
Não é seu timbre.
São tímidas.
Por vezes demais.
Se torcem e reviram todas,
Para não prenderem os olhos
De quem as vê.
Estão muito enganadas.
O seu silêncio de cinza
É tonitruante.
Ouve-se e vê-se ao longe.
Impuseram-se ao mundo,
De todas as camadas.
Das mais humildes
Às mais supostas altas.
Não há casebre, por esses montados,
Não há palacete ou santuário de culto,
Profano ou não,
Que não as cultue.
É nos jardins. É nos relvados.
Extensos ou mais exíguos.
É nas varandas opíparas
E nos terraços celestiais.
Até esses Havais…sofistas...
Ó que pobreza!
Que o deserto escolhe.
Mas quem delas recolhe
O saborosíssimo néctar
Tão bem calibrado e raro
Que ela encerrra e dá…
Se rende e prende a elas
se avassala a elas,
Suas rainhas ou mestras abelhas.
Ouvindo Albinoni…e mais
Segunda-feira a abrir-se envergonhada
Mafra, 13 de Outubro de 2014
8h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
12 de Outubro de 2014 ·

O céu chora de chuva…

Está tristonho o céu.
Toda a noite chorou.
Escorrem grossos rios
De lágrimas
Que enchem este chão
Ainda verde.

Preferia uma chuva branca de luar.
Com muitas estrelas
Poisadas no céu em tela.

Sentir o cheiro a mar,
A voar
Nas asas duma brisa salsa.

Olhar à frente, a mata densa
E ver as copas se Espreguiçando à lua.

Ver os zimbórios de Mafra,
Espelhando o luar
Que envolve os sinos.

Ver clarear o céu, anunciando mais um dia lindo,
Com a beira-mar à minha espera.

Mas, que podemos nós
Contra as forças da natureza,
Que é a rainha?...

Mafra, 12 de Outubro de 2014
6h17m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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· 11
Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
11 de Outubro de 2014 ·

Os vitrais da catedral…

Na penumbra das naves de granito,
Uma vaga de sol entra em torrentes de luz.

E um arco-íris religioso e deslumbrante
Nos inebria os olhos.
Uma sinfonia de tons
Invade tudo
E nos arrebata.
Nossa alma se eleva e voa
Como numa nuvem,
Em direcção ao infinito.

Dos corações se erguem Hinos naturais
De adoração ao Autor final.
Inebriados por tanta beleza.

E o pensamento sobe Agradecido.
Imaginando como será nos luminosos claustros da glória
Que nos apela…

Mafra, 11 de Outubro de 2014
20h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
11 de Outubro de 2014 ·

Portas fechadas…
Abrem e fecham.
Dão segurança
E liberdade.
Precisam de chave.
Só numa mão.
E muito guardada.
Só abre a quem venha por bem
E bata à porta.
Basta uma volta,
Para a esquerda ou direita.
Por fora ou por dentro.
Se abre a muralha.
Cai a cortina.
A amizade se acende.
E estreita.
Dá-se uma troca.
Se dá e recebe.
Se ganha.
Riqueza.
Quem não precisa,
Por mais forte que seja.
O mundo é redondo
E gira.
Dá voltas e voltas.
Que sobem ou descem.
Para todos.
Como é bom saber
Que, até à hora da morte,
Há sempre uma porta
Onde se possa bater,
Sabendo que abre!...
Clareando para um sábado de sol
Mafra, 11 de Outubro de 2014
7h16m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
10 de Outubro de 2014 ·

Sempre diferente…

É sempre diferente
O dealbar de cada dia.

Aquele tom azulíneo,
Pintado de cobre,
Que vestia o céu,
Dá lugar à luz brilhante
Dum sol em fogo.

Aquele verde escuro
Das copas dormentes,
Se abre em flor,
Cantando hinos.

E o verde dos campos,
Sementeira de cor
Que a madrugada fez.

E as aves em bandos
Como chilreiam alegres.

E os almocreves, tangendo os burros,
Pelas aldeias fora.
Fumegando frio.

E o azul do céu,
Que grande manta,
Que dossel doirado,
Da cor do mel.

Como pode minha alma imortal
Deixar de amar!...

Bendito dia!
Que está a nascer…

Ouvindo André Rieu mais uma vez

Mafra, 10 de Outubro de 2014
8h16m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
10 de Outubro de 2014 ·

Despertar da música…

Florescer é a respiração da terra, em baforadas coloridas,
Que vêm suavemente,
Do seu ventre.

Um manto, cada ano renovado,
Sempre diferente.
Em cada dia.

Outras linhas, novos tons,
A mesma luz,

Do mesmo Rei engalanado,
Que sustenta a vida,
Com seu olhar presente
E apaixonado.

Pintor exímio.
Não pinta de cor.
Cada pécinha
Lhe brota da mão,
Com a ternura e o olhar de Pai.

Sabe seu nome.
Conhece seu gosto.
Atende seus sonhos.
Dá-lhes a mão.
Os livra do mal.

Que os abraça.
Que os atende,
A cada instante,

Regaço aberto,
Nunca demora.

Ri com quem ri.
Consola quem chora.

Ouve-nos atento.
Guarda segredo.
Nossas caídas.
Nossas misérias,
Sejam quais forem.

Porque é Pai…

Ouvindo André Rieu, sua música sublime,
quase divina…
noite cerrada, com muita chuva

Mafra, 10 de Outubro de 2014
5h22m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
9 de Outubro de 2014 ·

Salpicos de sons…

Gotas de chuva,
Caindo no lago.
Fazem toadas.
Arcos de luz,
Irradiando infinitos.

Cantos sonoros,
Carregados de cores,
Chilreios das aves,
Chamando pelos pais.
Clamores tão plangentes,
De tamanho encanto,
Lágrimas escorrendo
Das faces sofridas.

Folhas bailando,
À chuva e ao vento.
Toques de sinos,
Bradando aos céus.

Cantares desgarrados,
Ceifeiras de Agosto.
Crianças da escola,
No recreio brincando.
Vozes de mães chamando seus filhos.

Fados e loas,
Nas madrugadas de sonho.

Tudo em clamor,
Brota subindo
Deste piano que herdei.

Ouvindo “serenata de Schubert por Kleydermann ao piano

Mafra, 9 de Outubro de 2014
19h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
9 de Outubro de 2014 ·

A fala dos olhos…

Não depende da cor.
Verdes, azuis.
Castanhos de amêndoa.

Soletram a luz
E escrevem sonetos
Tão belos,
Ao sol,
Com tinta de mel.

Não precisam caneta.
Sua pluma macia,
Tecida de seda,
Risca e desenha tão fino.
Com traços de sonho
Os sonhos que ardem lá dentro.

Brilham calados,
Sorrindo e chorando.
Se banham no rio de lágrimas
Duma fonte correndo.
Ardem fogueiras,
Clarões de jasmim.
Torrentes tão quentes.
Curam os males,
Remédios para dor.

Mistérios ocultos.
Segredos do tempo
Que a natureza nos dá.
Falam fechados.
Cantam calados.
Calam o pranto e a cor
Das horas
E a alegrias
Que a vida nos dá…

Mafra, 7momentos, 9 de Outubro de 2014
10h33m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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9 de Outubro de 2014 ·

Um dia de chuva…

Mais um. Para muitos, banal.
Tudo igual.
Acordar. Levantar.
Correr a corrida do dia
Que está no começo.

Para mim é que não.
Vêm de Berlim,
Pedaços de mim
Que a luta da vida afastou.
Por uma outra melhor.

Foi de surpresa.
Tanto melhor.
Uma visita de médico,
Com muito sabor.
E o abraço dos netos…

Mafra, 7momentos, 9 de Outubro de 2014
8h59m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Que a mim me tocou.
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
9 de Outubro de 2014 ·

Não seria de estopa…

De linho não.
Seria de lã.
Aquele manto que a cobria toda.
Do rosto aos pés.

Era aos godés. Largos.
Se abria os braços,
O vento dava-lhe.
Parecia voar.
Se movia leve.
Como uma ave.

E ao cair da tarde,
Pegava na cântara,
A punha à anca
E lá ia ela
À água da fonte.

Depois vinha.
Lenta e linda.
Parecia uma fada.
Fada de linho.

Não vinha só.
Com ela ao lado,
Um moço trigueiro.
Vinha enlevado.

Ó que pena.
Tão curto caminho...

Mafra, 8 de Outubro de 2014
23h19m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
6 de Outubro de 2014 ·

Poder natural…

Pensei ter-me esquecido muito do passado.
De há muito.

De bom e de não.

Que espanto sinto,
Quando, naquele momento exacto,
Eu dou o tom.
Aponto o que quero.
A luz se acende.
E uma torrente clara
Vem da nascente.
Oculta e fresca.
Inesgotável.

Um reservatório
De lembranças vivas.
Raios de luz.
Pareciam extintos.
Esquecidos no ar.
Levados pelo tempo.

Andavam cá dentro. Comigo.
Presos. Só meus.
Um montão de riqueza.
Acumulada. Arrumada em baús.
Catalogados por fora.

Puxo a gaveta.
E vêm num cacho,
Bagos carnudos. Viçosos.
Se espalham na boca.

Me inebriam,
Como se fossem cachimbo.

Feliz, eu desmaio.

Que poder natural!

Ouvindo “Nocturnos” de Chopin

Mafra, café caracol, 6 de Outubro

Dia tímido de sol…

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
6 de Outubro de 2014 ·

As trevas…

Do reino largo e imenso das trevas,
Tudo surgiu.

Até o tempo.

Este comboio pesado e fugidio que nos transporta.

Incessante e sem paragens.

Os passageiros entram.
Insensíveis.
A carruagem que lhes couber por sorte.

Uns em primeira.
Na terceira, em desconforto.
A maior parte.


Por desertos e barrancos.
Por vales verdes e variados.
Furando serras. Túneis longos.

Vai apitando de hora a hora.
E deita fumo.
Gera vórtices de violento vento.
Faz tornados.
Sismos na terra.

Lança jactos para a estratoesfera.

Aglutina a vida por grandes camadas.
Florestas.
Grandes bosques.

Muitas colinas.
E manadas livres
Com seres sensíveis.
Complexos.

Uns menos
E outros mais.

Há-os inteligentes.
Muito capazes.
Tanto ao torto
Como ao direito.
Por vezes, heróis.
Outras,
Uns mafarricos.
Pior que feras.

Os irracionais.
Sem lei nem roque.
Sempre iguais,
No come e dorme.

E nas brumas escuras,
Há os espíritos.

O que fazem.
Ninguém o sabe.

Pairam no céu
E sobre as águas.
Essas moles sem fim,
Cobertas de ondas.
Tudo envolvem.
Um domínio profundo,
Vasto e cavernoso.

Onde impera o silêncio.
E não há caminhos.
Só cardumes de seres sem asas.
Se locomovem.

E, lá nos píncaros,
Uma tela negra.
Abobadada.
Com muitos pontos.
Incandescentes.

Uns cintilam
Outros dardejam.
E mandam luz.
Que rompe as trevas
E forja o tempo.

Ó que mistério!...

Mafra, 6 de Outubro de 2014
2h3m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
5 de Outubro de 2014 ·

Desajeitado…

Nasci desajeitado e nu.
Fiquei à deriva,
Depois que me cortaram o cordão umbilical.

Daí para a frente, só dei topadas
E trambolhões.
Esmurrei meus joelhos.
Deitei sangue pelo nariz.

Muitas vezes fui chafariz,
Onde mal parecia.
Apanhei palmadas.
Fiz travessuras.
Atirei aos pássaros.
Violei ninhos.

Estou a pagar caro
Este montão de asneiras.
Mas foi assim que aprendi
A ser quem sou.
Respeitando todos,
Sem olhar quem são…

Muitas vezes erro.
Se puder apago
E pago bem a quem me amar.
Tudo que tenho eu dou.
Só guardo para mim
O que serviu aos outros…
Nunca me arrependi.
É assim que sou!

Mafra, 5 de Outubro de 2014
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
5 de Outubro de 2014 ·

África…

Hei-de voltar a África,
Onde fui combater.
Numa guerra que não era,
Mas se tornou imbecil.

Uma descolonização determinada pela mentira.
Sofreguidão de interesses.
Explorar África e nada mais.

Humanismo nenhum.

Um desastre. Um volte-face.
Em que tudo ficou pior do Que nunca esteve.
Vieram os russos. E os americanos.
Os cubanos. A China e a Europa rica.

Uns mafarricos. Uns abutres.
Hoje a fome
E a miséria de tudo,
Grassa lá…como nunca houve.

Para que arrisquei a flor da vida,
Se tudo se foi e não voltará jamais?

Ouvindo uma canção magnífica com as melhores vozes

Mafra, café caracol, 5 de Outubro de 2014
8h30m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
5 de Outubro de 2014 ·

Boca seca…

Tenho a boca seca
De pregar aos peixes,
Como santo António de lisboa.
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
4 de Outubro de 2014 ·

É escasso o tempo que passa…

Não dá para nada.
Falta o espaço.
São poucas as horas do dia.
E tantos os passos para chegar
Onde queremos.

Sobra-nos tempo para rir e chorar.
Os enganos são tantos
Como os dedos da mão
E os erros,
Nem dá para contar.

Passamos o tempo cismando e sofrendo
Com o futuro que vem.

O passado passou.
O presente também.
Cada coisa a seu tempo.
No fundo, é ele quem tudo resolve.

Fazer por fazer
O melhor que pudermos.
Deixemos ao tempo
Fazer o que deve
Na hora que vem.

Mafra, 4 de Outubro de 2014
21h52m

Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
4 de Outubro de 2014 ·

Vou ter com meu pai …

Encontrou a paz eterna
Que a terra não lhe deu.
Foi para o céu.
Ao pé do Pai.
Que, o chamou bem cedo.

Foi um homem bom.
Deixou-me rico,
Com seu exemplo.
Deixou-me crédito
Para viver folgado,
Neste mundo exíguo.
E pobre.

Não choro por Ele.
Está bem melhor.
E me vê lutando.
Está na glória do Rei Supremo.

Mafra, café caracol, 4 de Outubro de 2014
8h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
4 de Outubro de 2014 ·

A simplicidade do belo…
Não mora num castelo de muitas ameias
E torres de menagem.
Sua roupagem é a cor da flor.
Muito ténue e sóbria,
Mas muita expressão.
Combina bem em qualquer parte,
Alta ou baixa.
Não discrimina.
Brilha. Ilumina todos os cantos.
É envolvente.
Abraça forte.
Permanece sempre até à morte.
Gera a alegria e a paz.
Inebria a mente
E cria obra
Fica para sempre.
Sente a dor como se fosse sua.
Chora e ri.
Sem compaixão.
Dá brilho e paz.
Convida a Deus…
O Belo infinito.
Mafra, 4 de Outubro de 2014
6h44m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
3 de Outubro de 2014 ·

Tal e qual…

Me apresento aqui.
Tal qual sou.
Vestidinho, dos pés à cabeça.

Me reclamo nu,
Só nas noites de luar.
E é preciso
Que haja lua cheia…

Mafra, 3 de Outubro de 2014
20h15m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
3 de Outubro de 2014 ·

A intuição…

Declaro guerra feroz à inteligência e a todas as formas de conhecimento,
Reflexões estéreis.

Lucubrações geométricas e transfusões de ócio.

Proponho outro caminho avesso,
Muito curto e largo,
O da evidência,
Com um abrir e fechar de olhar
Largo o pensamento
E a luz se abre de par em par.
Tudo diviso, ao perto e longe,
Não quero sentir.
Nem suar subindo.

Entrevejo nas sombras,
Com luar de Agosto
Vejo as estrelas todas
Sem telescópios gigantes.

Domo as feras, sem lhes pôr algemas.
Liberto à sorte
Os encarcerados.

Chego ao fundo dos oceanos profundos,
Sem batiscafos.
Para mim, os grandes rios,
Só são regatos.
E as montanhas eu pego nelas,
Faço-lhes festas
E elas sonham comigo.
Me deito nelas…

Ouvindo música de sonho…no youtube

Mafra, café caracol, 3 de Outubro de 2014
10h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
3 de Outubro de 2014 ·

Nada importa…
Quando se ama,
Que importa, chova ou troveje,
Até a dor se mitiga
E a tristeza esvai.
Se a lei fosse amar,
Coração puro e ardente,
Sem discriminações,
Seria o fim das políticas.
E das religiões.
Não haveria uniões,
De continentes,
O universo seria o nosso céu
E a humanidade sua rainha…
Ouvindo sharah Brighton…
Café caracol, em Mafra, 3 de Outubro de 2014
10h7m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
27 de Setembro de 2014 ·

Mundo intenso, imenso e moribundo…

estamos num mundo imenso, intenso e moribundo
De paz, amor e de justiça.

Olhos abertos para o egoísmo
E bem cerrados para meia terra

Que come fome…
Bebe a dor
E sofre a guerra.

E, com desespero,
Espera e espera
Que o outro meio,
Que é seu irmão,
O salve de vez
Desta miséria…

Que imundo seria o mundo…

Mais valeria nunca existir.
Se no fim,
Não vencesse
A justiça e o Amor divino…

Ouvindo cânticos Gospel…

Mafra, 27 de Setembro de 2014
8h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
23 de Setembro de 2014 ·

Azar da vida…

Me defendo dos inimigos
Com uma granada de sorrisos.

Sereno os tresloucados
Com mil promessas de paz.

Abraço os deseperados
Que se preparam para morrer.

Barro os caminhos maus
Aos que se querem ver perdidos.

Arranjo mil e uma desculpas
A quem está pronto a se liquidar.

Só não tenho o remédio
Que troca a sorte
Pela vida…
Além da morte.

Mafra, 23 de Setembro de 2014
19h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
16 de Setembro de 2014 ·

Sótão das ideias…e velharias

Cansado. Esgotado.
Deste deserto à volta.
Subi ao sótão
Das minhas ideias,
Passadas ou esquecidas.

Remexi caixotes.
Estavam por idades.
Infância.
Adolescência.
Juventude.
Maioridade.
E, ainda vago,
já lá está o da senectude.

Um a um, os vasculhei.

Lá estava o berço
Que me embalou.
Em meia lua.
Um baloiço em pau.
Azul de mar.
Já desmaiado.
Veio de trás.
e serviu para mim.

Meu cavalo de pau.
De olhos redondos,
Muito luzentes.
E tinha orelhas.

Meu ciclista alegre,
duma roda só
Que eu empurrava,
Com velocidade.

A minha fisga.
Onde afinei a pontaria ao longe.
Que me serviu para a vida.

O meu pião. Bojudo.
Tinha cá um bico!...
E o das nicas.
Todo lascado.

As minhas botas.
Leves. Feitas à mão.
Iam comigo a todo o lado.
Que bem corriam.
Coladinhas ao chão.

O triciclo de madeira
Que o joão alfaiate
Me construiu…
O patrão e mestre.
Era o meu pai.

Uma gaita de beiços.
Onde eu dobrava.
Modinhas da terra.

Até um caniço.
Que eu fabriquei à mão.
Em paus de vime.
E apanhei pardais.

Lá estava o tercinho.
Bolinhas pretas.
Cinco mistérios.
E ave marias.

Meu livro de missa,
Com orações.
Que lindas eram.
Falavam do céu,
Onde não havia estrelas
E morava Deus…

Ouvindo “serenata de Schubert” “Claire de lune”de Debussy, a partir do youtube

É madrugada…já trovejou

Mafra, 16 de Setembro de 2014
5h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
14 de Setembro de 2014 ·

Sapos na praia…

Há sapos esquecidos nas areias da praia.

Se enganaram no lago
E morreram sem ar.

Ficaram estendidos
Conforme morreram.
Coitados.

Vieram do bosque,
Sem saberem nadar.

Ninguém lhes valeu.
No silêncio da noite.

Serviu de emenda
Aos que queriam voltar.

Mais vale o sossego
Das horas
No torrão de nascer.

O mundo tem falsos
Que é preciso saber…

Oxalá a maré quando encher
Os leve para o fundo
E os deixe dormir…

Mafra, 14 de Setembro de 2014
14h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
7 de Setembro de 2014 ·

meu grito d'alma...

tenho minhas mãos limpas
e o coração puro.
estou pronto a entregar a vida
ao Criador.

não nutro ódios.
nem malquerenças.
lavei no rio meu corpo e alma
no rio Douro.
Fiquei luzindo
como um castiço de prata
a brilhar ao sol.

trago comigo uma carteira cheia.
de verdadeiras notas
de câmbio fixo.

Não quero troco.
Pago a pronto
o que me vem de graça.
sei sorrir e choro
com quem mais sofre.

espero clemência exacta
como faço aos outros.
nem mais nem menos.
oportunista jamais eu quero.
minhas medidas são as do mundo
onde eu vivo e sonho,
enquanto Deus mo quiser deixar...

Mafra, 7 de Setembro de 2014
19h44m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
6 de Setembro de 2014 ·

pequenos nadas...

que vale uma gota de água?...
mas, gota a gota,
se enche um tanque
e se rega a horta
que dá couve e fruta.

se enche o mar
que espelha o céu
e banha a costa.

ponto a ponto,
se borda um manto
e se faz um fato.
que lindo fica!...

e, grão a grão,
se enche um saco,
se leva ao moleiro
e se faz o pão.

letra a letra,
se escreve uma carta.
leva alegria
ao outro mundo.

dia a dia,
se tece a vida
que nos encanta.

parece um nada.
não deites fora
porque faz falta...

Mafra, 6 de Setembro de 2014
9h33m
faz sol...de praia
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
4 de Setembro de 2014 ·

primeiro passo...

fica à frente quem dá o primeiro passo.
é dele que o outro espera.
por medo ou retracção.

cá dentro, só nós sabemos
o medo que temos.
o bem que queremos.
e esperamos dos outros.

mas é bem que pensemos.
alguém tem de arrancar.
vencer a inércia.
é pesado o corpo.
a alma é leve.

quem não experimentou ainda
a força que um abraço tem?

está na hora de o ver...
vá! há alguém à espera.
venha daí esse grande abraço.
vamos para o mar.
a vida é breve...

ouvindo fur Elis...de Beethoven

7momentos, 4 de Setembro de 2014
10h00m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
4 de Setembro de 2014 ·

da desgraça de cada dia...
Nos livrai hoje, meu Criador.
Pai Nosso. Ave Maria!
vossa bênção chova abundante.
esteja presente
cada hora, cada instante.
em todo o dia.
me faça ver cada passada
que eu der
seja para a frente
nunca para trás.
para fazer mal.
o que deu bem.
sinta fome de bem fazer.
abraçar o mundo
e saber viver.
segundo a ordem
do Teu querer...
ouvindo "claire de lune" e Claude Debussy em piano
amanhece piano e triste...esta 5ª feira doce...
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
24 de Maio de 2014 ·

Ponho-me a caminho...

Não sei para onde.
Vou onde o destino me quer.
Se for à beira do mar,
Erguerei uma tenda de pano.
E ficarei a adorar.

Se for o cume duma alta montanha,
Faço uma cabana de ramos
E ficarei, sozinho,
Cantando hossanas
E hinos
Ao Deus, criador.

Se for para a beira dum rio,
Farei um barquinho
Com tábuas de pinho
E vou subir até à sua nascente.

Se for para o deserto de areia,
Me meto numa caverna
E fico à espera da primeira caravana de anjos
Que Deus me há-de mandar
E me há-de levar para o céu...

Ouvindo Bill Douglas- The clouds

Berlim, 24 de Maio de 201414h13m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
24 de Maio de 2014 ·

Sábado diferente

Vim escrever para a varanda.
Na manhã deste Sábado de Maio.
Vejo os carros na rua correndo.
No rosto uma brisa fresca e suave.

Oiço as aves cantando.
Rolas, pombas e melros.
Entoam os mesmos trinados,
Em língua
Que todo o mundo entende.

Seguem aviões pelo alto,
Rasgando estas nuvens cinzentas.
Numa correria constante.
Deixa toda a gente indiferente.

Vejo cartazes espalhados.
Anunciando as eleições
Que aí vêm.
Os mesmos sorrisos de rostos.
Com promessas que nunca se cumprem.

Chegam-me toques de sinos,
Entre este ruido constante.
Me lembram que os passos que damos,
Por mais voltas que dermos,
Se passam entre a terra e o além…

Há compassos de espera,
Forçados,
Diante dos semáforos que caem.

Os carros se quedam especados.
Diante duma simples bola vermelha…
Como cavalos amestrados.

Lá dentro,
Os donos cerram os dentes…

Berlim, 24 de Maio de 2014
8h20m
Joaquim Luís Mendes gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
23 de Maio de 2014 ·

Septuagenário…

Adoro olhar
O doce olhar
Dum septuagenário.

Olhos brilhantes.
Linhas serenas.
Umas cãs luzentes,
Escorrendo neve.

Alguns rios descendo,
Irradiando sorrisos,
Por todos os lados,
Numa seara rosada.

E sobre os olhos,
Um arco-triunfo,
Tão bem desenhado,
Lhe ilumina o rosto,
Fá-lo tão estrelado.

A sua boca,sábia,
Sempre tão expressiva,
Nem precisa abrir.

É fonte santa
De água pura e fresca…

Seu sorriso brilhante
É um sol poente,
A inundar o mar,
Ao descer da tarde.

Sua voz de bronze
Tem o calor suave
Duma chama branda.

Cada palavra que diz
É uma chama a arder,
Irradiando calor
Semeando a paz…

Ouvindo scherazade de Rimski-Korsakov

Berlim, 23 de Maio de 2014,
7h57m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
22 de Maio de 2014 ·

Como um cavalo…

Já não tenho rédeas.
Nem mais esporas.
Me sinto livre.
Vou correr em liberdade.

Trepar montanhas.
Descer ravinas.
Só o vento
Me batendo de frente.

Vou ver o mar.
A toda a hora.
Deitar-me à fresca,
Quando estiver cansado.

Visitar amigos,
Nas minhas bandas.
Beber um copo,
Com quem me der abrigo.

Perdi as algemas.
Minha tortura.
Cumpri as penas
Do meu castigo.

Vou ver o sol e a lua
Da minha aldeia.
Encontrar amigos.
Estavam esquecidos.

Quero viver as madrugadas,
Contando estrelas.
Rever os sonhos
Que por mim esperaram.

Quero voar,
Se tiver asas.
Cruzar os mares,
Para outros mundos.

Quero morrer abraçado
À terra.
A que há muito me deu o ser.

Berlim, 22 de Maio e 2014
20h6m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
21 de Maio de 2014 ·

Promessas…

Há promessas desgraçadas.
Mais ameaças.
Vêm do fundo dos tempos.
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
20 de Maio de 2014 ·

Por mim...

Se pudesse, voltaria a nascer,
No dia seguinte,
Depois de morrer.
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
19 de Maio de 2014 ·

De rastos…

De rastos, se rojam pelo chão,
Os ofídeos,
Por um castigo...
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
18 de Maio de 2014 ·

Varanda dos meus recados...

Fui sozinho
Para a varanda.
Com um caderninho...
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
18 de Maio de 2014 ·

Apesar de tudo …

Muito menos
que um grão de areia,
Se me meço ...
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Joaquim Luís Mendes Gomes‎Os Diogos de Felgueiras
17 de Maio de 2014 ·

Cerejas de Maio…

Me despertam saudades
As cerejeiras de Maio.
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