adeus aos corvos...
quando sair daqui,
vai-me custar muito dizer adeus aos meus vizinhos.
de há três anos.
vivem no prédio da frente,
sobre a casa das máquinas.
alheios ao vento e neve.
ali criaram as duas crias.
com tanto desvelo
como os humanos.
via-os zarpar,
manhã nascente,
em rasgados voos.
sobre as copas frondosas.
e a chegarem com o bico cheio
para dar aos filhos.
vi-os parados, de olhar atento,
mirando o mundo.
vi-os poisar serenos,
sobre os candeeiros da rua.
a debicar o chão,
debaixo das folhas.
com independência.
senhores do reino.
vinham visitar-me
à minha varanda
quando eu chegava da minha terra...
vou ter saudades.
minha casa nova é linda.
mas, em vez das árvores,
só telhas vermelhas...
Berlin, 27 de Fevereiro de 2015
17h19m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário