sábado, 14 de fevereiro de 2015

coitado do snob...

coitado do snob...

sapato d verniz preto
e tacão de sola,
desce a calçada,
em passo cadenciado,
toc...toc...
rosto empertigado,
óculos escuros,
olhando distante,
indiferente a quem passa.

vai de ventre inchado.
sob um terno preto,
camisa em popelina,
vincado a ferro,
pela criada...
usa cartola.
do colete sai pendente
um relógio doirado
de algibeira.

na mão, um bengalim
em pau preto fino.
de cabeça em madrepérola,
prateada.

na cabeça dele, entumecida, não passa nada.

vai a pé à vila.
ao encontro dos ociosos.
no café da assembleia.
cumpre a rotina.

por acaso, não fuma.
vai todo ufano.
prefere o perfume vindo da arábia...
ninguém sabe ao que aquilo cheira.

é um fidalgo!
herdou a renda
de mão beijada!...

Berlin, 14 de Fevereiro de 2015
22h38m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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