quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

carpinteiro de serrà mão...

o carpinteiro da serra à mão...

não há muito tempo.
quando um trabalhador,
de sol a sol,
conseguia amealhar uns contitos de rei,

comprava uma leira de terra.
ao senhor da terra.

que desse para a casa e
para uma horta.

depois, um pinheiro crescido
ou um eucalipto.

chamava um serrador
e reduzia tudo a tábuas
e uns tantos caibros.

ponha-os a secar ao sol.

chamava um pedreiro sabido.

que alisava o chão.
abria os caboucos,
à medida certa.

cascalho no fundo.
depois, blocos de pedra,
encastelados.
sobre cimento em massa.

ia erguendo a casa.
até ao telhado.

e vinha o carpinteiro,
com sua ferramentaria toda.

uma oficina em peso.
até um balcão em pau.

primeiro as vigas fortes,
ligando as paredes,
numa cruz perfeita.

depois, uma teia de vigas finas,
em esquadria,
à distância exacta,

como um chapéu,
para suportar as telhas.

a seguir vinha o trolha,
levantar as paredes,
rebocá-las a massa,
das divisões internas.

entretanto o carpinteiro
alisava as tábuas,
em vários tamanhos.

para as portas,
para as janelas,
para o soalho
e para o forro.

o vidraceiro assentava os vidros.
o electricista
instalava a luz.

e no fim,
o serralheiro
apontava os portões
e as fechaduras da casa inteira.

só depois, se chamava o padre
para pedir a bênção de Deus...
para tão lindo sonho.

Berlin, 27 de Fevereiro de 2015
21h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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