quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Ferro velho



Ferro velho
Aquele espaço de terra, escondido, no meio da mata, perto da estrada nacional.
Cercado duma paliçada de chapas de bidões.
Um barracão, descomunal e desconforme, é o armazém geral.
Ali impera o dono que vive da chapa velha, desde garoto.
Aprendeu com o pai.
Sua cabeça esgrouviada regista tudo, dentro, meticulosa.
Pendem-lhe dos caibros de madeira e das paredes peças que os acidentes desventraram.
Serão a sorte dum cliente com problemas.
Ali há de tudo.
Carretos. Vielas e manivelas.
Pinhões de ataque.
Cremalheiras e eixos de suporte.
Até porcas e parafusos de todo o tamanho.
E, cá fora, expostos ao relento, jazem as carcaças restantes de carros acidentados.
Portas, bancos, ainda com estofos, aproveitáveis.
Por entre elas, ciranda todo o dia o moço, a mando do patrão, buscando o que a clientela garantida, ali busca e sempre encontra.
O sucateiro. Faz mais milagres que o bruxo lá da terra…
Berlim, 13 de Novembro de 2019
10h48m
Jlmg

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