domingo, 24 de setembro de 2017

Vozes do meu passado



Vozes do meu passado

São tantas as vozes do meu passado.
Bem presentes, o seu timbre, inflexões de voz,
seu entoar de palavras, saudações.
A imagem dos seus rostos.
De alegria e de tristeza.

Enchiam de vida os dias.
Os figurantes no mesmo cortejo.

Me ponho a lembrá-los.
Passavam à minha porta.
Indo para a vila.
Indo para a feira.

O senhor Fernando Babo. Vinha da Lage.
Nariz vermelhusco. Era da pinga.
O senhor Dias. Boa pessoa.
Tinha voz grossa.
Emprestava dinheiro sem qualquer papel.
Vinha a cavalo. Lá do Xintado.

Minha avó Emília, presa à cadeira.
Sempre zangada. Um rancho de filhos.
Meu avô José, um bom dum homem.
Não tinha inimigos. Ajudava à missa e repicava o sino.

Minha avó Margarida. Ó que doçura.
A dizer com o nome.
Era uma festa quando eu chegava.

E, sei lá tantos!...Já cá não estão.
Tanta saudade.

Berlim, 24 de Setembro de 2017
19h31m
Jlmg







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