Serva das palavras
Minha mente fez-se escrava das
palavras.
Se enleiam numa teia tão intrincada
sempre que diviso ao longe a miragem dum poema.
Surgem em abundante catadupa e
saltitam endiabradas como ovelhas que se soltaram do redil.
Vê-se aflita para escolher a palavra
certa, no tom e cor que a ideia tem.
Se corre atrás delas mais elas fogem.
E brincam aos pulos à sua frente.
Se se zanga e lhes mostra má cara,
mais elas saltam como os travessos dos meninos.
Só sorrindo e fazendo festas elas
amainam e se lhe entregam
na ordem certa.
Aí as escolhe. Burila a ideia. Alisa
a forma e a obra nasce.
Berlim, 23 de Setembro de 2017
18h27m
Ouvindo Mahler
Jlmg
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