sábado, 23 de setembro de 2017

Serva das palavras




Serva das palavras

Minha mente fez-se escrava das palavras.
Se enleiam numa teia tão intrincada sempre que diviso ao longe a miragem dum poema.
Surgem em abundante catadupa e saltitam endiabradas como ovelhas que se soltaram do redil.

Vê-se aflita para escolher a palavra certa, no tom e cor que a ideia tem.
Se corre atrás delas mais elas fogem.
E brincam aos pulos à sua frente.

Se se zanga e lhes mostra má cara, mais elas saltam como os travessos dos meninos.

Só sorrindo e fazendo festas elas amainam e se lhe entregam
na ordem certa.
Aí as escolhe. Burila a ideia. Alisa a forma e a obra nasce.

Berlim, 23 de Setembro de 2017
18h27m
 Ouvindo Mahler

Jlmg


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