Soltei minhas penas ao vento
Soltei minhas penas ao vento.
Uma nuvem que tapou o sol.
Carpi minhas dores junto a um rio seco.
O inundou e encheu o mar.
Sinto em mim o peso do meu passado.
Aqueles negrumes dos anos cinquenta e três que levaram a minha Mãe e, pouco depois, meia dúzia de anos, o meu Pai.
As escarpas duras dum claustro negro onde o sol só batia a prumo.
O ribombar ao longe dum canhão soturno apontado ao meu quartel.
Trazia acesa a morte.
O terror dos exames da escada íngreme que me levaria ao sol.
Tudo eu sinto em escala viva.
Fizeram de mim aquilo que agora sou.
Berlim, 24 de Setembro de 2017 ,
20h18m
Ouvindo Kahtia Buniatiswilli tocando Rachmaninov
Jlmg
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