quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Barcos em terra

Barcos em terra

Rolam em toros os barcos em terra.
Não precisam de remos.
Só da força dos braços e troncos,
Tisnados ao sol.

Lhes curam as feridas.
Se lhe avivam as cores.
Calafetam as brechas.
Lhes preparam as redes.
Como palmeiras ao alto,
Dormem ao relento da praia.
E, pela madrugada, arregaçam os remos e rasgam as ondas,
Avançando no mar.
Casquinhas de noz.
Bailando ao vento,
Seguem afoitos,
Buscando um cardume.
À ordem do mestre,
Descem as redes
Em jeito de saco.
Quando as gaivotas se abeiram,
Por instinto fatal,
Puxam as cordas.
Enchem o bojo e regressam cansados, felizes.

Berlim, 28 de Setembro de 2017
9h14m
Jlmg

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