De olhos no ar
Não dá jeito andar na cidade de olhos no ar.
Se perde a beleza das janelas e varandas.
Suas grades de ferro rendilhadas.
Suas flores perenes.
As cortinas bem bordadas a crochet.
De vez em quando, o rosto triste dum idoso. Já não anda.
O gato preto ao pé.
Brilham só os batentes e maçanetas de latão.
As portadas em madeira grossa mui bem pintada.
Uma fenda nelas para o correio.
Sobram ninhos das andorinhas sob os beirais.
Pela janela aberta sai bela a voz da Amália, cantando a "Gaivota".
Dos médicos e advogados as placas oferecendo o seu serviço em letras d'ouro.
E, na ombreira em pedra, há botões à farta de campainhas.
Não tem preço uma passeata a qualquer hora pelas ruas belas de Lisboa.
Berlim, 20 de Novembro de 2018
10h22m
JLMG
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