sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Como chuva de orvalho...


Como chuva de orvalho...

Chovem notas de guitarra como chuva de orvalho pelas ruinhas e pátios de Lisboa.
Conversas tagarelas das donas curiosas no intervalo da sua lide.

Pregões astutos das varinas, querem vender depressa para ir para casa.
Escorrem sal suas canastas mas é bem fresca a pescaria.

E, pelas esquinas, gritam alto, com vozes esganiçadas, os ardinas dos jornais.

Um caudal incessante de carros e camionetes escorre pelas avenidas obedecendo ao sinaleiro.
Pelos passeios chiques do Chiado cirandam frementes as fidalgas e as meninas à procura da toilette.

Perfiladas junto ao Tejo esperam ladinas as gaivotas suas presas.
Enquanto os velhos cacilheiros vão do Cais até Cacilhas num vai-vém...

ouvindo a guitarra de Carlos Paredes

Berlim, 9 de Novembro de 2018
16h47m
Jlmg


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