quarta-feira, 20 de julho de 2016

surpresa de morrer...

A ilusória surpresa do morrer...
Desde o momento de nascer,
para a vida e para a arte do amor,
ora com alegria , ora com dor,
ficamos tão presos a esta terra,
quase pensamos sermos seres infinitos,
Construimos casa,
em terreno firme,
castelos e palácios.
Para durarem.
Amealhamos tesouros,
montes de dinheiro,
criamos dívidas,
sob o fito e a promessa de vencer.
Corremos o mundo em viagens de turismo,
aos lugares mais recônditos
e exóticos,
Sempre com vontade de voltar.
Ficamos atletas.
Grandes artistas.
Aprendemos letras
e estudamos línguas.
Subimos e descemos
com esforço e perseverança,
aos escaninhos da investigação,
do espaço e da matéria,
vã glória de saber,
que é sempre muito mais o que fica por saber,
depois de tanto descobrir.
E, mesmo assim, nunca desistimos.
Criamos escolas. Universidades.
Enchemos as salas de estudantina
e de cadeiras catedráticas,
Tantas togas coloridas e penachos.
Com um fulgor,
de extasiar...
Tudo, a miragem duma viagem,
que tem um termo,
pelo menos tão certo
como o começo.
Neste mundo, nada é e nunca foi eterno,
Tudo se renova, se transforma e desintrega.
Somos apenas cartas dum baralho
que se joga,
e se mistura,
para dar e para servir.
Foi assim que a Natureza tudo criou
e tudo fez.
Foi essa Sua vontade.
Ela bem sabe lá porquê.
A nós só cabe ter fé e saber viver,
Enquanto Ela o quiser...
ouvindo Hélène Grimaud, ao piano, no concerto nº 1 de Brhams
madrugada
Mafra, 20 de Julho de 2015
5h35m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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