quinta-feira, 7 de julho de 2016

pintado a carvão...

Pintado a carvão...

É só preciso um papel.
Agarro um naco de madeira queimada,
fecho meus olhos e espero a ideia.

Ataco o quadro.
Traço-lhe um esboço.
Encho-lhe o meio
com traços vincados.

Avivo-lhe os olhos.
Adoço-lhe o queixo.
Cubro-lhe a nuca
com arte rupestre.

Sobram-lhe pêlos
por cima dos olhos.
Assouo-lhe o nariz com um trapo de giz.
Sirvo um bigode de estopa.
Abro-lhe a boca
e pranto-lhe os dentes.
Falta-lhe um.

Arrebito-lhe um cachimbo
em forma de cone.

Chego-lhe o fogo.
Eis que um quadro bem posto,
regado a carvão,
emerge da sombra
e brilha ao sol...

Roses, 7 de Julho de 2016
9h54m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes


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