sábado, 16 de julho de 2016

areias movediças...

Sobre as areias movediças…
Tomei minha passarola
Como se fosse uma caravela
Ao vento.
Pus-me a navegar
Sobre este deserto infindo
De areias amarelas,
Quentes,
Movediças.
Um mar encapelado de dunas bravas,
Onde só assomam espinhos e cardos secos.
A vida verde não vegeta.
Nem sequer há palha seca.
Para os lacraus e escorpiões.
Que rastejam ao sol,
Feitos formigas.
Saboreando cardos
E os ossos ressequidos
Dos camelos por ali mortos
Que ficaram das caravanas.
Como se fossem figos.
Secos. Estaladiços.
Não há nuvens de pó.
O vento o lavrou e sacudiu.
Só a espuma grossa das areias movediças,
Borbotam na superfície,
Como lava acesa dum vulcão.
Se inferno nesta terra existisse,
Ali seria.
Em combustão.
O que me vale é pairar ao alto,
Como se fosse uma caravela,
Vagabunda,
Presa ao céu
E ao brilho intenso das estrelas,
Nas noites brancas de luar…
Ouvindo Mendelssohn
Mafra, 16 de Julho de 2015
5h59m
Amanhecendo com humidade no céu de cinza
Joaquim luís Mendes Gomes

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