sábado, 2 de julho de 2016

hora das gaivotas

Hora das gaivotas…
Levanto-me de madrugada,
Para chegar ao abrir da praça.
Logo à hora dos pescadores.
Ver encher os cabazes
Do peixinho fresco,
Que ainda cheira a mar.
Naquela hora de encher as bancas
E de ver as vendedeiras
Escreverem o preço,
Cada um na sua loisa.
Ouvir o saudar gritante
Das mulheres dos pescadores.
Saias compridas,
Todas ufanas,
E olhos vivos,
Por já terem os seus maridos,
Logo à hora do sol-pôr.
E dos freguezes,
Vieram de longe,
Carregarem as camionetas
E vê-los partir para as suas terras,
A tempo e horas do almoçar.
E aquela frenética vozearia,
Em regateio,
Com interesses antagónicos,
Quase se matam,
Dos que compram
E dos que vendem.
A fecharem em paz
O seu negócio.
Muito obrigado,
Um bom dia…
E até amanhã,
Se Deus quiser!...
E ver os gatos felizardos
Que ali acodem,
Das redondezas,
Vêm famintos
E tão nervosos,
Farejando as presas
Que sobram.
E das peixeiras frescalhonas,
Ancas largas,
Seios trementes,
De açafates à cabeça
De aventais tão luzidios,
Lá se irem, passo a passo,
Rua a rua,
A apregoarem as suas vendas…
Como vão felizes!
E o tilintar das chávenas
E copos de vidro
E das máquinas de café,
-Ó que cheirinho!
Dois bares, em cada lado,
A servirem pequenos almoços,
Sem mais mãos para medir.
É aquela festa brava,
Sempre alegre e matinal
Que nos vicia
E faz viver…
É a hora das gaivotas!
Berlim, 3 deJulho de 2014
6h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário