terça-feira, 23 de outubro de 2018

Um dia, quem sabe...





Um dia, quem sabe...

Um dia, quem sabe, voltarei a ser ave de migração.
Deixarei de ser um estranho.
Deixarei de ser ninguém, pelas terras onde andei.

Poisarei no meu telhado da casa que construi.
Por um sonho que me alimentou.
Voltarei prá terra onde nasci,
me fiz um homem.
Como foi o meu pai.

Não levo nada, senão a saudade e a alegria de regressar.
Vou trilhar os caminhos da minha escola.
Onde colhi amoras doces sem nada ter de pagar.
Beberei da fonte da água corredia que me matava a sede no verão.
Vou sentir o prazer de dormir sobre um colchão de palha.
Sentir o calor dum cobertor de lã,
tecido pela tecedeira única da minha aldeia.

Ouvir o piar da agoireira cotovia no carvalho do meu quintal.
Cheirar o perfume dos lençóis corados ao sol da tarde na minha eira.

Rezar ao Deus meu criador que me fez nascer onde cresci...

Berlim, 23 de Outubro de 2018
16h44m
Jlmg

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