domingo, 21 de outubro de 2018
Mineiro do chão
Mineiro do chão
Regresso cada dia do passado como o mineiro do chão.
Venho sujo e suado das poeiras em que o vento me sepultou.
Só os meus olhos brilham à doçura da saudade.
Andei pelos caminhos verdes da minha infância.
Quando o perfume dos jardins me enchiam o peito de esperança.
O piar das andorinhas por debaixo dos beirais do meu telhado.
Quando as noras pela tarde regavam de mel os milheirais embandeirados.
De Agosto em diante, havia festas por todo o lado.
Com foguetes e noitadas.
Era bom visitar os avós, saborear-lhes a doce marmelada, mais doce não havia.
Descer em algazarra a costeira de Pedra Maria na minha mota de madeira.
Descobrir os ninhos do passaredo, nos sítios mais recônditos, só eles os sabiam.
Aquelas noites estivais a contar estrelas, à noitinha, na soleira.
Acordar pelas manhãs ao cantar dos galos na capoeira.
Foi tão lindo o meu passado, no dealbar da minha vida.
ouvindo Chopin Piano Concerto No. 1 Op.11 Evgeny Kissin
Berlim, 21 de Outubro de 2018
19h48m
Jlmg
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