sexta-feira, 3 de junho de 2016

cocciolo...

O "cocciolo"...

Naqueles tempos,
Muito lá atrás,
A abóboda celeste
Parecia infinita,
Uma campânula breve,
Onde todos vivíamos.

Tinha os limites do horizonte.
Tudo serras ao redor
A definiam.

Era a Serrinha perto
E o Marão lá longe.
Lado nascente.

Santa Quitéria ao norte,
Ali bem à vista.
Do mar a Penha
E Barrosas ao fundo.

Ali se vivia,
Numa cerca verde.
Se sabia de cor
O que nela havia.

As mesmas caras.
As mesmas vozes.
O vestir igual.

A camioneta da carreira,
Além do carteiro,
Que ia e vinha,
Às mesmas horas,
Dos mesmos sítios.
O comboio ao longe.
A bicicleta ao pé.

O que fosse estranho
Toda a gente via.

Me lembro bem,
O espanto que deu,
Uma bicicleta a andar,
Sem dar ao pedal.
Tinha um motor
Que largava fumo.

Era de Braga.
Um "cocciolo"
Ficou na história.
Nunca mais esqueceu.

Foi o começo.
O progresso a vir.
À mão de todos...

Os poucos carros
Eram só p'ra fidalgos...


Berlim, 3 de Junho de 2016
9h6m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes








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