sábado, 12 de março de 2016

nomes e verbos...

Nomes e verbos...

Entrei pelo dicionário dentro.
Como se entra num museu.
Tantas galerias.
Tantas estantes bem ordenadas.
Repletas.

Peguei num verbo.
O verbo amar.

Pus-me a conjugá-lo.
Em todos os tempos e suas formas.
Foi no infinito que eu fiquei.
Como um apaixonado.
Agarrado ao chão.

Segui adiante.
Aos substantivos.

Que grande jardim.
Tantas flores.
Parei nos cravos.
Ó que cheirinho!
E as rosas, de tantas cores.
Que perfume!

E fui ao sótão.
Dos adjectivos.
Todos em cestos.
Como as sementes.
Tão variados.
De tantas espécies.
Que maravilha!
Davam para tudo.

Pelo corredor fora fui dar à cozinha.
Era a sala das interjeições!
Ferviam panelas.
Soltavam odores.
Ó que regalo!
Tanta panela.
Sem cozinheira.

E depois um salão.
Dos advérbios.
Todos janotas.

Lá estavam os de tempo.
Todos sem uso.
Intemporais.

Depois os de modo.
Todos pedantes.
Muito formais...

E mesmo no fim,
Uns caixotões.
Abri-lhes a tampa.
Quase morria.
Eram os assentos,
Pontos e vírgulas...
Tanta ferrugem!...
Fora de uso.

Bar "Caracol" 12 de Março de 2016
10h21m

sábado de sol

JLMG
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário