segunda-feira, 20 de abril de 2020

No compasso das chuvas

No compasso da chuva
Aquela leveza de Agosto em que o azul pinta os céus de anilina.
Quando o barómetro adormecido acorda enramelado pelas manhãs.
Enquanto o ribeiro sinuoso vai serpenteando os campos como um réptil de água doce.
Se ouvem chilreios descompassados pelos lameiros, de melros e cotovias.
E, pela tardinha ao anoitecer, descem as cabras, ovelhas e as vacas, cansadas de rapinar urzes e o capim sem dono.
Se ouve o bater pingante dos dentes nas noras que regam as lavras sequiosas.
Todo esse mundo encantador repousa tristemente no passado quando, intemperã, arriba esta onda infindável de chuva invernosa.
Pegajosa e sem esperança.
Ouvindo Pedro Barroso
Mafra, 20 de Abril de 2020
16h28m
Jlmg

Sem comentários:

Enviar um comentário