terça-feira, 14 de abril de 2020

A tormenta da caliça


A tormenta da caliça
E, de repente, um estrondo.
Se desarticularam as paredes mestras dos principados.
Desabaram as casas e os negócios do dinheiro.
Ruíram os monumentos da opulência vã arrasadora dos valores do espírito.
As ruas e as praças estão encharcadas de caliça.
Não se consegue ver um palmo à frente.
Jazem sós e prostrados na lama da inércia todas as realizações dos ideais e vãs quimeras.
Bastou um sopro silencioso duma força oculta e inesperada, e o mundo parou atordoado, sem saber o que fazer.
Se apagaram as diferenças entre os fortes e poderosos e os fracos.
Demo-nos todos conta de que afinal, caminhávamos nus pelas avenidas frondosas do bulício.
Nossas almas foram violentamente abaladas e tremem de medo e de pavor.
Demos conta de somos simplesmente umas folhas tenras que secam quando o sol apaga.
Estamos desfigurados pela vaga atroz da caliça que abateu sobre nós.
Só a esperança na clemência dos poderes divinos que nos regem e comandam poderá suster esta avalanche de desgraças.
Ouvindo RACHMANINOFF-RHAPSODY
Mafra, 14 de Abril de 2020
8h3m
Jlmg

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