quinta-feira, 16 de abril de 2020

Escadas de pedra


Escadas de pedra

Frias. Apáticas. Íngremes demais.
Habituei-me a descer e subi-las, desde menino.
Vestido com opa.
Acompanhando o enterro para a derradeira morada.
Costumes da época.
Um cortejo. O tamanho era conforme a importância de quem ia a enterrar.
Apertava na mão a borla da cor do estandarte.
À frente uma cruz.
Depois o séquito de gente.
A seguir o catre.
Depois o Padre.
Sobrepeliz a voar.
Entoando orações
Pela alma do morto.
Vezes sem conta as desci e subi.
Me ficaram gravadas.
Me falam de longe.
Nas voltas da vida.
Por elas desceram meus Pais e irmãos.
Um dia, será…
Mafra, 16 de Abril de 2020
15h22m
Jlmg

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