Os vira-casacas
Eu era miúdo. Nos tempos pós-guerra.
Eram de fome.
De vez em quando, chegava um freguês:
-Ó Quinzinho. Pode virar-me este
fato?
Meu Pai saudoso, era alfaiate, o
estendia na mesa, examinava.
- Sim senhor.
Pode vir buscá-lo p’rà semana.
Os tempos passaram.
A guerra amainou.
Mudou-se a fome.
Agora é de vergonha.
Dum dia para o outro, a toque dos
ventos,
Se vira a casaca,
Nem precisa alfaiate…
Berlim, 22 de Outubro de 2017
9h19m
Jlmg
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