sábado, 14 de janeiro de 2017

Piano mendigo...

Piano mendigo…

Piano tristonho, desiludido da vida,
Sentou-se cansado na borda da estrada,
Pedindo esmola.
Passou uma harpa, de crista empinada.
Tocando vaidosa.
O mendigo pediu.
Ela avançou. Nem olhou para o lado.
Veio um violoncelo,
Cismando na pauta,
Corcunda.
De olhos no chão.
O mendigo pediu.
Ele rugiu.
Seguiu preocupado.
Com uma corda partida.
Depois um oboé,
Vaidoso,
Todo encantado,
Reluzindo ao sol.
Mendigo pediu.
Ele nem ouviu
E seguiu indiferente.
Depois, veio um jumento.
Trazia uma bateria impante,
Escarranchada nas costas.
Mendigo pediu.
O burro zurrou.
A batuta assustou-se e caiu.
Calada, sem ela, partiu.
Por fim, um violino aflito,
Entoando vibrante,
Um concerto sozinho.
Perdera a orquestra.
Mendigo pediu.
O violino parou.
Sentou-se a seu lado.
Convidou o piano.
Formaram um dueto,
Para sempre amigos…
Ouvindo um piano e orquestra
Berlim, 14 de Janeiro de 2017
10h2m
Jlmg

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