segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Milésimos degraus...

MIlésimos degraus...

Milésimos degraus
De escadas rolantes,
Parados e estanques,
Se alcandoram ao céu.

Vasam as nuvens carregadas de sal.
Adormecem frenéticos, estáticos,
Nas vertigens da altura.

Sem passadas ocultas.
Atravessam desertos,
Alamedas tão longas,
Vias lácteas celestes.

Entram no nimbo
Onde sossegam as almas,
Varridas da terra,
Cheias de lama.

Derretem as chamas
Dos ínferos infernos.
Penam pelas injustiças do mundo.

E, no cais da abóboda,
Onde atracaram cometas,
Despem casacas
E tiram as botas.

À volta dum lago,
Se revolvem os demos.
Há cisnes pretos, sem asas
Que velam os mortos.

Nas paradas desertas,
Há faluas sem velas.
Perderam os mastros.
Carregam pecados
Que não mereceram perdão.

Nos prados sem pasto,
Dormitam as vacas,
À espera do feno,
Na secura das palhas.

Viagem sem termo
E sem volta das almas penadas...

Berlim, 17 de Janeiro de 2017
8h47m

Um amanhecer radioso e gelado

Jlmg

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