O comboio da
minha aldeia…
Deixou de
passar à minha aldeia o comboio de Caíde que, num instante, me levava ao Porto
e rio Douro.
Fumegava de
contente.
E rugia lá
da Longra.
Bebia água
de hora a hora,
Quer de
Inverno quer de Verão.
Tinha faróis
amarelos.
Rasgavam o
nevoeiro.
Alumiavam a
escuridão.
Thunca
thum!...Thuca thum!...
Era belo.
Carregava a vida.
Fazia estrondo.
Era manso e
sossegado.
Era
classista.
Uma carruagem
de primeira.
Com balaústres
finos
e assentos
de damasco.
Só para os
ricos e poderosos.
Tinha a segunda.
Os bancos de
madeira envernizada.
Eram duros.
Cheiravam bem.
Eram de
pinho.
E na
terceira,
Havia galinhas
engaioladas.
E cestas de
vime
Com dúzias
de ovos.
Iam para
feira.
Eram a única
fonte monetária.
Para o
bacalhau e o azeite.
As couves saíam
da horta…
O comboio
sempre à hora…
Que ia e
vinha.
Gente
diferente…
Era uma
festa em cada dia.
Tudo se foi…
Até as
linhas.
E eram de
aço.
Berlin, 21
de Setembro de 2015
9h25m
Jlmg
Joaquim Luís
Mendes Gomes
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