quinta-feira, 4 de abril de 2019

Trovoada ao longe

Trovoada ao longe

De repente escuresceu lá para os lados do Marão.
À uma todo o gado que pastava pelos campos, recolhe a casa.
As galinhas e o galo se escondem no poleiro.
À pressa, as donas aturdidas, recolhem toda a roupa do estendal.
Apenas a que cora fica estendida sobre a relva, porque isso é bom.
 As mães acenderam já uma velinha à Senhora da Conceição.
Só a lenha, quase seca, se mantém impávida nos seus castelos.

O silêncio é fúnebre. Apesar dos raios fulminantes que esquartejam o céu ao longe.

Nos pombais as pombas assustadas deixaram de arrulhar.
Uma chinfrineira desenfreada dos cevados nos currais atordoa todo o lugar.

Não tardará muito e do céu, virá de enxurrada, uma catarata medonha de chuva aos cântaros.

Indiferentes ao fulgor dos raios, os cães-pastor cumprem religiosamente o dever de manter de pé os seus rebanhos.

Se agarram ao alto dos telhados os pára-raios à espera das faíscas.

Até a cabra da vizinha que esperava dar à luz, começou as dores de parto.

Agora que se cerraram as portas e janelas de toda a aldeia, venha quando quiser a trovoada, porque o São Jerónimo e a Santa Bárbara estão ali bem perto ao nosso lado...

Ouvindo a sétima sinfonia de Beethoven
Berlim, 5 de Abril de 2019
8h26m
Jlmg


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