Guardo para mim...
A quem me hei-de queixar,
senão à Natureza que me fez assim?
Como uma poalha voo ao deus-dará,
conforme as vagas que este mundo varre.
Não adianta. Me enquisto na minha concha e vogo.
Umas vezes, é o suão quente e seco que me encarquilha a pele.
Outras, o vento norte que me regela os ossos.
Bendigo a hora em que rompe a Primavera.
Tudo floresce. Uma verdadeira aurora.
Depois, chega o Verão.
Pendem ridentes os cachos de uvas gordas.
Se enchem as pipas das adegas e os celeiros, pelo São Miguel.
Me consolo com uma caneca do vinho mosto que me faz bigodes.
Depois das vindimas, fervem os alambiques com a cachaça fresca.
Só com o cheiro acre, fico sonhando tonto.
Assim decorre e bem a marcha acelerada da minha vida...
Berlim, 28 de Abril de 2019
12h39m
Jlmg
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