Doce e alegre ociosidade
Doce e alegre ociosidade das manhãs num café acabado de abrir.
Chegam pessoas ensonadas.
Sentam à sua mesa.
Um galão quentinho.
Ou uma bica.
Um bolo de arroz.
Um regalo.
Pouco dinheiro.
O jornal do dia corre de mesa em mesa.
Quase sempre as mesmas caras às mesmas horas.
O bancário. Muito aprumado.
Como um doutor.
A bica à pressa.
O balcão não espera.
A oculista. Tanto verniz e baton nos beiços.
Cruzando as pernas.
P'ra inglês ver?
A aposentada, de cabelos brancos.
Trabalhou já tanto.
Tanta patroa.
Bem merece a pausa.
O doutor do centro.
Muito acarinhado.
Sabe de todos.
Todas as mesas o querem.
E ao balcão, o dono sorri.
A campainha toca.
A nota fica.
É o que importa.
No ar, o mesmo disco.
Mais uma volta ao mundo.
E eu. Um afortunado.
Com a internet à frente.
Linda invenção,
Com tudo à mão.
Bar Castelão, 26 de Fevereiro de 2019
10h7m
Jlmg
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