domingo, 3 de fevereiro de 2019

Buscando as saudades

Buscando as saudades
Vagueio triste pelas ruas de Lisboa, matando as saudades.
Que secura. Que deserto.
Até as fontes perenes que lá havia.
Estão vazios os bancos e os lagos dos jardins.
Não há pombas nem andorinhas.
Cresceram de cimento os prédios em altura.
Rebentam de serviços pelas costuras.
O povo engravatado entra e já não sai.
Vai à cave. Come uma sanduíche a correr e volta no elevador.
Ao fim do dia, desce à cave a buscar seu carro e volta a casa pela noitinha.
Giram táxis apressados a caminho do aeroporto.
Em matilhas andam carros fumarentos pelas ruas.
Zarparam para os arredores, enchendo os magastores, as lojas de comércio.
O ar é quente. O céu azul.
Pelos passeios e pelos largos, apenas se vêm desgarrados, embriagados de ilusões, os magotes de turistas.
Onde aquelas horas leves de lazer.
O convívio descuidado das pessoas, 
tagarelando pelas esplanadas ou lendo as últimas dos jornais?...
Ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 3 de Fevereiro de 2019
9h25m
Jlmg

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