terça-feira, 2 de maio de 2017

No cotovelo da praça



No cotovelo da praça

Nada passa no cotovelo da praça.
Tudo deserto.
Foram embora as barracas e os estendais.
Ficaram os paus estendidos p’lo chão.
Há papéis e garrafas plásticas vazias
Pelos cantos.

Tarda em passar o carro do lixo.
Aquelas bancadas fartas de tudo.
Fruta. Bolaria. Rolos de fazenda.
Cabides de roupa.
Pronta a vestir.
Em pano-cru ou cotim.

As albardas e arreios das alimárias.
Benfazejas.
Fazem tudo por palha seca e água na celha.
Restam ainda seus excrementos vegetais.

Voam moscas nas bancadas secas do peixe à mostra.

Há restos de cordas e amarras.
Alguns pregos presos ao chão.

E o vento louco na sua dança,
Vai varrendo as folhas
Como o diabo faz às almas
Quando entram no inferno…
Está mesmo na hora de me ir embora.

Ouvindo música de filmes

Berlim, 3 de Maio de 2017
8h49m
Jlmg



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